Livro de mágoas
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Vaidade!
Livro de mágoas
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Natal!
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Enfrentando Falsificações.
“Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com ação de graças, pois é santificado pela palavra de Deus e pela oração.”
ENFRENTADO FALSIFICAÇÕES (I Tim. 4.1-7a)
Ponto Central: Mesmo a Igreja, que se apóia fundamentalmente na verdade, não é poupada pelo contrário, passa também por problemas e dificuldades que abalam. Com muito discernimento espiritual Paulo, aponta para esses conflitos e dá diretrizes para enfrentá-los.
O chamado para vigilância não provem do apóstolo Paulo, mas sim do próprio Espírito. Conforme Jesus já afirmara que o Espírito é quem guiará os discípulos “em toda a verdade” (Jo 16.13). Nesse capítulo ele identifica e desmacara os espíritos enganadores. Esta percepção é exclusiva do Espírito de Deus e somente temos acesso se Ele mesmo disser expressamente. Entre nós, discípulos/as de Cristo, continua opção entre atentar para aquilo que o Espírito de Deus diz ou para o que os demais, inclusive os demônios, sussurram. Paulo não hesita em identificar a palavra destes como ensinamentos de demônios, pois assim como a fé vem pela Palavra de Cristo, o abandono vem pelo ouvir de uma ou algumas pregações e conversas diabólicas. A referência quanto aos últimos tempos indica todo o período entre a ressurreição de Jesus e sua segunda vinda gloriosa, portanto Paulo quer dizer TODO O TEMPO DA IGREJA aqui na Terra. As tentações que enfrentamos e ainda iremos enfrentar são as mesmas, tanto no primeiro século da era cristã como até os dias de hoje. Isso significa que se Jesus é o único caminho e se ninguém vem ao Pai a não ser por... (Jo 14.6), então todo desvio Dele e de sua obra redentora se constitui em desvio que induz a perdição. Devemos prestar muita atenção a essa Verdade revelada na Bíblia! O verso 3 explora idéias como a abstinência do casamento e também de determinados alimentos. Aliás, são recomendações prediletas dos espíritos enganadores, alegarem que essas condições são inconciliáveis com o desenvolvimento da espiritualidade. Se dermos uma olhada na história veremos que esta senha muitas vezes abriu espaços no meio da igreja para ensinamentos estranhos ao evangelho. Veja o exemplo do movimento monástico no início da Idade Média, sua valorização da abstinência sexual e do celibato como sinais de graduação espiritual, que destoam até os dias hoje. A esta falsificação Paulo contrapõe como argumento o propósito do Criador, pois todos os que crêem e conhecem bem a verdade estão em condições de receber com gratidão estas dádivas, tanto a sexualidade como os alimentos. A gratidão a Deus é a medida que guia o discípulo/a em tudo. Somente quem pode agradecer ao Criador pelas suas dádivas, as recebe segundo o seu bom propósito. A questão dos alimentos é outro assunto explosivo também nas cartas aos coríntios/romanos. Paulo precisa fazer longas abordagens a esse respeito na perspectiva do judaísmo e do VT, suas leis e rituais proibiam determinados alimentos e a comunidade dos discípulos vinha desse contexto, apesar de Jesus ter rompido com esses critérios de pureza exterior (Mt. 15-11-20). Paulo sintetiza o seu posicionamento a partir do evangelho de Cristo dizendo: “ninguém, pois julgue por causa da comida e bebida, porque tudo isto tem sido sombra das coisas que haviam de vir, porém o corpo é de Cristo”. Assim vemos que somente o amor ao Corpo de Cristo e a consideração com um irmão/ã fraco/a, deve levar a abstinência de algum alimento. (Veja I Cor. 8. 1-13). Desse modo todas as coisas da nossa vida terrena são santificadas pela Palavra de Deus que nos é anunciada e pelas orações com gratidão que fazemos, expressando nossa aceitação e obediência a Ele. A reconciliação em Cristo restaura todos os relacionamentos afetados pela queda. Assim, o crente recebe a sexualidade, os alimentos e tudo o que o cerca orientado/a no propósito do Criador. E assim quem os recebe, fará rendendo graças ao doador da vida. No verso 6, Paulo recomenda que o ensino qualifica o servidor. Vemos aqui uma característica fundamental do servo de Cristo. Timóteo não é autônomo naquilo que ensina, mas ele é alimentado pelo ensinamento de Paulo. Assim todo servo precisa receber palavras de fé e do bom ensinamento que o chamem, iluminem, santifiquem e conservem no caminho de seguimento a Jesus. Não podemos deixar de perguntar se servimos ao Senhor nessa perspectiva solidária ou se vivemos num isolamento solitário onde não chega mais alimento espiritual. Servos subnutridos não alimentam mais a ninguém, acabam morrendo de inanição espiritual. Por fim, além de adverti-lo quanto a necessidade de alimentar-se bem na fé Paulo acrescenta a importância de manter-se afastado de mitos profanos e caducos (7a). Esses mitos se distinguem da palavra de Deus pelo fato de não serem “revelados” como o evangelho é (Gl. 5.12). Ao contrário, são invenção humana, profanam a Deus ao tentar definir e determiná-lo e isto não é aceitável para quem tem a mente renovada pela fé em Cristo. Mitos requerem mentes caducas e jamais a lucidez autocrítica que o evangelho possibilita.
Um abraço fraterno.
Ângela
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Era uma Vez...
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Confissões de Lúcifer
dadaro@uol.com.br
[1] Ap 12.12
[2] Lc 15.12
[3] 2Tm 4.10
[4] Mt 18.34-35
[5] Tg 4.7
[6] 2Co 11.14
[7]Tg 2.19
sábado, 24 de outubro de 2009
O Significado do Coração Aquecido.
Concluindo...
O que pretendemos com esses estudos, foi aprofundar o conhecimento do que significa ser um discípulo/a. O próprio título “O significado do coração aquecido”, menciona uma experiência ocorrida na rua Aldersgate, em Londres, que mudou o rumo da vida de João Wesley. O que foi essa experiência? Uma conversão, uma experiência de confirmação de fé, a plenitude do Espírito vinda sobre ele, o desfecho de algo que começou em anos anteriores? O que será? Digam o que disserem a questão mais importante é que isso revela que nós, os metodistas, temos uma compreensão variada do que significa ser discípulo/a, ou de ser tornar um. Aqui examinamos treze relatos do Novo Testamento, de pessoas que ser tornaram e permaneceram discípulas de Jesus, e nesse sentido o que queremos dizer com isso é: NÃO EXISTE UMA MANEIRA, um modo, uma receita e um caminho igual para todos nessa experiência de se tornar um seguidor/a de Jesus. O modo como nos tornamos e o que experimentamos nessa caminhada não pode e nem deve reduzir nossa expectativa de vida. Não se pode restringir a experiência cristã, pois há inúmeras maneiras de uma pessoa chegar a Cristo e permanecer na caminhada cristã. Parte do crescimento cristão resulta de ampliar nossa percepção ao valorizarmos a nossa experiência e a de outras pessoas. Foram treze histórias, treze sentidos, treze testemunhos de vida e uma conclusão que certamente quem acompanhou pode chegar. Em todas as narrativas encontramos três elementos presentes que resumem a maneira de como se tornar um discípulo/a, na perspectiva da tradição cristã. Quais são eles?
ARREPENDIMENTO, CONVICÇÃO, NOVO NASCIMENTO.
Arrependimento, palavra de origem grega e significa mudança de mente ou propósito. Essa conscientização é fundamental quando nos consagramos pela fé. Vida com Deus implica necessariamente em uma mudança de mente e de propósitos, em parte porque não estamos satisfeitos com a nossa vida e como ela se encontra e outra porque a nossa natureza é pecaminosa, ruim e desgraçada.
O segundo elemento invariável e muito significativo também é a Convicção. Depois desses estudos, algumas coisas devem estar claras pra nós, como por exemplo, o grau de convicção (quantidade de fé, o quanto cremos) não é tão importante assim, pois se temos fé e se ela é do tamanho de um grão de mostarda, de uma formiguinha, já é suficiente, contanto que seja Fé em Cristo, não em coisas ou em pessoas.
O terceiro e último elemento importante e que encontramos nos relatos é o Novo Nascimento. Jesus recomendou especificamente a Nicodemos (João 3), mas está presente na maioria das narrativas em seu sentido mais amplo. Se o arrependimento se refere a uma mudança de mente e de propósitos, isto é, uma virada, se a convicção se refere a encontrar um centro, um novo centro para a vida, que é Jesus Cristo, então Novo Nascimento se refere a dar uma Nova Partida, ou seja, estabelecer uma nova direção no Serviço a Cristo. Na História o que significa o século I? Um novo começo, uma nova ordem das coisas e do tempo. Na Biologia, descobrir o que há dentro de um ribossomo o que significa? Uma nova maneira de combater a infecção. Na vida pessoal o começo de um curso, trabalho, amizade, namoro, significa uma nova etapa. Enfim tudo o que é novo implica em outras e novas oportunidades. O Novo Nascimento está ligado a Ação do Espírito na vida do crente. Seu efeito é uma Nova Partida. Para Mateus, significou deixar o trabalho e seguir a Jesus; para o paralítico, levantar e andar; para o carcereiro de Filipos, dar o seu testemunho e tratar os presos de forma diferenciada. Seja como for, a mudança é evidente.
Arrependimento, Convicção e Novo Nascimento, não são os únicos elementos presentes, mas estão contidos em diferentes aspectos, em todos os relatos. Todo o compartilhar que tivemos aqui foi baseado nessa revelação e no quanto é verdadeira para nós hoje. Ninguém pode impor aos outros um modelo de como tornar-se um seguidor/a de Jesus. Todas as interpretações que fazemos são limitadas, a menos que sejam explicadas e ampliadas pela visão de Deus, que é a Bíblia e pelas experiências vividas por outros cristãos/ãs.
Se esses estudos puderam ajudar nessa direção de crescimento, então a nossa intenção deve ser a de levar outras pessoas a se tornarem seguidoras de Jesus. Se alcançou, então cumpriu o propósito.
Um abraço fraterno.
Ângela
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Documentário Criança, A alma do negócio
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Representações da Vida!
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Saídas e Bandeiras.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
Em busca de sentido
"Quando Midge Wilker recebeu o diagnóstico de câncer de cólon avançado, em meados do ano passado, ela não conseguia ir a uma consulta médica sem chorar. A ex-executiva da IBM, que havia aberto sua própria empresa de treinamento gerencial, sentia enjoos e pavor. Os médicos disseram que o câncer havia se espalhado para os ovários, os nódulos linfáticos e possivelmente o fígado. Ela não abriu as persianas de seu apartamento durante semanas."Todo mundo ao meu redor me falava o quanto é importante ter uma atitude positiva", diz Wilker, de 64 anos. "Mas não sou Lance Armstrong. Eu queria pular na cova."Um dia, enquanto fazia quimioterapia no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center (MSKCC), em Nova York, Wilker aceitou participar de uma pesquisa que comparava duas diferentes formas de terapia de apoio em grupo. Perguntada sobre o que esperava ganhar com a participação na pesquisa, ela respondeu: "Preciso achar coragem para enfrentar isso". O programa inovador ao qual ela foi aleatoriamente designada tem o objetivo de fazer isso e mais - ajudar pacientes de câncer a encontrar significado, paz e metas de vida, mesmo quando o fim se aproxima. "Para muitos pacientes de câncer, o maior desafio é: 'Como viver no espaço de tempo entre meu diagnóstico e a morte?'", diz William Breitbart, psiquiatra do MSKCC que desenvolveu o programa, conhecido como psicoterapia centrada em significado, que foi testada em mais de 300 pacientes desde 2000.Breitbart baseou seu programa nos textos de Victor Frankl, um psiquiatra austríaco que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, com a convicção de que as pessoas podem suportar o sofrimento se souberem que suas vidas têm sentido. "Ajudamos os pacientes de câncer a entender que eles ainda não estão mortos", diz Breitbart. "Os meses ou anos de vida que restam são tempos potencialmente extraordinários de crescimento e significado."A maioria dos centros de câncer oferece grupos de apoio e aconselhamento individual aos pacientes. O campo da "psico-oncologia" - que procura cuidar dos aspectos psicológicos, espirituais e emocionais do câncer - está em franca expansão ao redor do mundo. O foco no significado da vida é a originalidade do projeto e ainda está em fase de pesquisa no MSKCC. Mas os primeiros resultados são encorajadores. Num estudo piloto com 90 pacientes apresentado no encontro da Sociedade Internacional de Psico-oncologia, em Viena, no mês passado, Breitbart e seus colegas concluíram que a terapia de grupo centrada em significado aumentou consideravelmente o bem-estar espiritual dos pacientes e reduziu sua ansiedade e desejo de morrer, em comparação com grupos tradicionais de suporte a cancerosos. A melhora continuou até dois meses depois do fim das sessões.O programa é dividido em oito sessões semanais; os grupos têm de seis a oito pacientes e dois facilitadores. Embora haja discussões e exercícios em grupo, os pacientes têm de descobrir o que é importante na vida deles por conta própria. "É realmente uma questão de estar lá o tempo todo - só os ajudamos a encontrar o que estava perdido", diz Shannon Poppito, uma psicóloga clínica que ajudou a coordenar as sessões.Em setembro, Wilker estava sofrendo demais com a quimioterapia para participar da primeira sessão, na qual os participantes foram apresentados à equipe e receberam o livro de Frankl, "Em busca de sentido", sobre seus anos nos campos de concentração nazista.A segunda sessão concentrou-se em identidades "BC", as iniciais em inglês para antes do câncer, e "AD", de depois do diagnóstico. Wilker chegou vestindo um abrigo esportivo, sem maquiagem, sem saber se voltaria."De uma maneira profunda, eles nos fizeram pensar a respeito do nosso passado e do que o câncer nos tirou", relembra. "Para mim, foi tudo. Eu estava me transformando numa pessoa que eu mesma não reconhecia mais."Boa parte dos outros membros do grupo havia sido diagnosticada com câncer anos atrás e estava lidando com o retorno da doença. Elas conversavam sobre paixão por teatro, andar de bicicleta e encontrar formas de continuar a desfrutar do que gostavam. "Pensei: 'Estou vendo tanta coragem aqui. Tenho que me recompor'", relembra Wilker.As sessões três e quatro foram dedicadas a fontes históricas de significado - como a vida é um legado vivo do passado para o presente e o futuro. Os membros do grupo foram solicitados a refletir sobre suas famílias, o período histórico em que cresceram - até mesmo a origem de seus nomes.Wilker se lembrou de momentos em que havia sido corajosa. Ela driblou a hierarquia da IBM para dar uma nota alta a um subordinado recém-promovido e confrontou o comandante de uma base militar em que trabalhava. Ela exigiu uma promoção e a conseguiu. "Se o que você procura é coragem, ajuda reconhecer que você fez algumas coisas corajosas no passado", diz.A quinta sessão tratou das limitações de vida e da mensagem de Frankl de que, mesmo que tudo tenha sido tirado de alguém, esse alguém ainda pode escolher que atitude tomar diante de uma situação e que significado atribuir a ela. Entre as questões discutidas estavam: como você quer ser lembrado e o que seria uma morte com significado? Mesmo para pacientes com câncer avançado, nunca é tarde demais, diz Breitbart, que nota como no livro "A morte de Ivan Ilyich", de Leon Tolstói, o personagem principal torna-se a pessoa que queria ser e se reconecta com seu filho nos últimos cinco minutos de vida.As outras duas sessões focaram as formas de como transcender as limitações impostas pelo câncer. "Você não está morrendo de câncer - está vivendo com câncer até morrer", diz Poppito.Simplesmente viver a vida pode ter bastante significado. Na sétima sessão, os pacientes fizeram listas de coisas que amavam ou consideravam bonitas ou divertidas. Wilker falou sobre o marido, seus 28 sobrinhos e 62 sobrinhos-netos, a espetacular vista de seu apartamento, que voltou a desfrutar, e a estátua da Vitória Alada, esculpida 300 anos antes de Cristo e exposta no Museu do Louvre. "Descobri que não tinha que trabalhar tão duro para encontrar o significado da vida", diz. "Estava ao alcance da minha mão em qualquer lugar que eu olhasse." Na sessão final, os membros do grupo apresentam um "projeto de legado" que simboliza o significado que encontraram e querem passar adiante. Uma mulher que amava Nova York começou a escrever um livro sobre as atrações e os sons da cidade. Outra que sempre quis ir à Itália decidiu fazer a viagem, apesar do calendário de quimioterapia. Wilker decidiu que seu projeto seria "ser a pessoa corajosa que minha família e amigos acham que sou". Ela chegou à última sessão vestida a rigor e carregando uma réplica da Vitória Alada e uma foto da reunião de 50 anos da escola da qual ela participou após conseguir se encher de coragem. Não é mais difícil abrir mão da vida quando você tem uma nova apreciação de seu sentido? "É paradoxal", diz Poppito. "Mas se você mostra às pessoas que a vida delas tem importância e vai continuar a importar depois, (...) lhes dá uma sensação de paz".
Melinda Beck, The Wall Street JournalPublicada no jornal Valor Econômico
www.dimenstein.com.br (jornalismo comunitário)
Pesquisa Folha (18/07/2009)
quinta-feira, 28 de maio de 2009
A Fraternidade é Frágil!
terça-feira, 26 de maio de 2009
Over The Rainbow.
Eva Cassidy
Somewhere over the rainbow, way up high
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Por uma Economia Solidária
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Charlis Chaplin! 120 anos.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Luz e Cruz!
Feliz Páscoa!
sábado, 11 de abril de 2009
Borbulhas de Amor!
quarta-feira, 1 de abril de 2009
O Tempo.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Devir!
quinta-feira, 26 de março de 2009
Amor!
terça-feira, 24 de março de 2009
Deu Branco!
Tudo e nada! As duas faces de uma mesma moeda. Às vezes parece que se tem tudo, até que tudo se transforma em nada. A vida, a casa, o emprego, a família, os que vivem no entorno...No campo das artes o branco é a soma de todas as cores... De novo tudo e nada!
Sobram estímulos, falta significado e expressão, como se o dia a dia passasse em branco. Então um sentido falha...E a vida recomeça onde tudo parece que termina. O filme Ensaio sobre a Cegueira faz emergir em nós um universo de sensações, que ficarão submersas se não pudermos explorar e transformar em reflexões. Quero comentar apenas três impressões que me remete à tão conhecida psicopatologia da vida cotidiana: a impessoalidade, a ignorância e o individualismo, todos esses, aliás, sintomas de uma mesma doença, sobejamente atualizada em nós: a cegueira da alma.
Nova York, Tóquio, São Paulo, tanto faz quando há uma mancha urbana cobrindo o grande vazio do cosmos. A vida passa brevemente e nós não paramos por nada, o fast food impera. Outro dia em meio a um grande temporal, uma cidadã paulistana liga num renomado restaurante e faz uma reserva. Tempos depois o mesmo restaurante retorna a ligação para o seu trabalho e pergunta se é possível antecipar a sua chegada uma hora antes e também se uma hora seria suficiente para degustação do prato. É claro que a sua resposta foi tão indelicada quanto a pergunta: “se eu quisesse comer correndo eu teria procurado um fast food”.
Vivemos tão ensimesmados que não enxergamos um palmo além, não sentimos o gosto, o cheiro, a textura, mal sabemos que dia é hoje, se fez chuva ou se caiu o maior sol...Daí eclode uma pergunta que não quer calar: qual é a emergência, para onde vamos com tanta pressa, o que tem lá que está faltando aqui? Falta você, há excessos do eu, faltamos nós, o diálogo entre o aqui e o ali, faltam conexões, trocas, nomes, cores, faltam espaços de convivência, sobram conveniências! É desse mal-estar que se foge e seguimos sem ninguém, quem sabe para encontrar com alguém... Acolá!
O filme capta olhares distantes, presenças ausentes, o tédio da dona de casa tomando uma taça de vinho, sozinha, enquanto termina a louça do jantar que sequer foi identificado e saboreado. O consultório cheio de personagens que estão indiferentes a presença do outro, aguardando tão e somente a sua vez, pois é isso e só isso o que importa: a minha vez, o meu bem-estar. Convém ressaltar que sintomas como esses, assim como o da indiferença, apatia, falta, competição, se constituem em maneirismos deficientes de se relacionar no mundo.
É evidente que nesse estado último de ignorância e desprezo humano, a perda de uma sensibilidade passe a gerar outros rumos rimas e sentidos. Primeiro a presença passa a ser estritamente funcional, depois como a única maneira de ser e existir no mundo, dependendo profundamente um do outro, estabelecendo relações, envolvimento e compromisso com uma vida de mais sensibilidade solidária. Essa é uma competência humana que carecemos desenvolver.
No livro, Todos nós ninguém...um enfoque fenomenológico do social, de Heidegger, temos a dica de viver dia a dia no plano da solicitude, não esperando que algo ou alguém falte para que então a vida passe a fazer sentido. No entanto, não podemos também esperar que a vida do próximo deixe de fazer sentido para que a nossa entre em cena e venhamos a ocupar os espaços vazios. Não faz sentido!!
Há muitos espaços em branco....Podemos ocupar os lugares junto com o outro, desatar o nó, fazer desabrochar o eu-tu-nós! Preencher o dia de hoje com experiências significantes...Buscar olhar para além do que o olhar capta...Perceber que a vida é significativa e cheia de pessoas significantes, esse é o mistério que almejamos desvelar. Pedir licença para conhecer e acolher a história de todos nós, afinal a nossa vida transcorre sempre entrelaçada com a vida de mais alguém.
Ser com os outros no mundo, é a característica fundamental e genuína, mais específica do ser humano, pois nos aproxima da humanidade e de nós mesmos com o que somos e sempre seremos. Podemos até esquecer, mas isso não muda a realidade de que você e eu somos essencialmente...gente.