terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Representações da Vida!

Hoje mesmo, me disseram que a vida é feita de blocos... "a projeção, pura manifestação do inconsciente...", é exemplo de um desses blocos!
Eis aí um grande e pesado bloco....Pura racionalização!
No interstício não dá... Vão me espremer até a morte!
Carregá-los... "Des-necessário"! Passar por dentro deles? Fazer o quê! Quem aumenta em ciência, aumenta em trabalho!
Essas são algumas das considerações que faço, juntando uma coisa com a outra para achar a causa, causa essa que esbarra na vaidade, ao ouvir alguém em quem talvez possa confiar. Começo esse texto pelo fim, assim como aqueles filmes que adoro ver, em que o final vem no começo.
Educação e Intimidade é uma disciplina que não podemos deixar de ter, serve pra vida toda, assim como... não pisar descalço depois do banho, comer só o que basta, não falar demais, tirar o pé da casa dos outros para evitar aborrecimentos e por aí vai....vários dizeres e saberes que atravessam o tempo e marcam a vida de cada um e cada uma de nós. Lembro-me de uma manhã de chuvas torrenciais, o dia que se fez trevas, e lá estávamos nós, figura e fundo da própria imagem, nítidos, perseguidos e perseguidores dessa tal disciplina da vida....Educação & Intimidade! Nesse dia ficou muito claro como um dia de sol, dentro de uma sala de aula em meio ao breu de fora, como almejamos algo mais da vida! Havia algo muito pessoal naquele momento educativo... Fomos para lá cuidar de nós, mas também dar conta da pólis, pois não há ciência do particular e sim do universal!
Que caminho tomar...qual o rumo a seguir? O que instigava-me a cada encontro era, onde iríamos chegar?..E a cada encontro havia um desencontro, a cada discurso um desvio de curso, foi inevitável...até que um protesto eclodiu dentro de nós, a partir de uma indagação...”Qual é a sua questão? Pra quê?
E esse incômodo persiste até os dias de hoje... Tem buracos que jamais se fecham dentro de nós.
Até que chega um dia, oito de setembro, “em que a casa cai”, pois há muito vinha me escorando nos tais blocos interpretativos. Fui então desalojada de algumas certezas...Tem coisas que só podem ser ditas mesmo, quando a gente cresce!!
Qual é o ponto então....a Intimidade....qual o caminho a seguir....a Educação, sem rogar por nada, nem ninguém, afinal essa tal intimidade deve estar em alguma cavidade dentro de nós...O que pensamos (blocos), o que vivemos a partir deles (blocos) nos impede de ReViver, e assim a vida fica muito distante de alguém, indiferente e circunstancial...Que pena!! É assim que vivemos na maior parte do tempo....
A proposta é caminhar pela Intimidade e marcar de algum jeito a minha vida e de quem comigo está, de outra maneira Não Faz Sentido! Quem sabe assim nos deparamos com uma Educação que nos afete, sejamos possuídos e pela qual nos apaixonemos de tal forma que o mais importante seja conhecer a alegria dos peixes à medida que atravessamos o rio...(A. Buzzi)
É preciso muito mais que deslocar-se, é necessário ficar desalojada muitas vezes, apaixonada, perdida do centro, à mercê do outro/a em quem me atiro em por quem atraída, fico constrangida a sair de mim mesma e ser outra pessoa...É dessa maneira que a Educação transforma tudo ao redor e a vida ganha outro sentido!
Nessa altura me lembro de um poema de Fernando Brandt e porque não dizê-lo agora...”O que vocês diriam dessa coisa que não dá mais pé / O que vocês fariam pra sair dessa maré? O que era sonho vira tema / Quem vai ser o primeiro a me responder? Sair dessa cidade, ter a vida onde ela é / Subir novas montanhas, diamantes procurar / No fim da estrada e da poeira / Um rio com seus frutos me alimentar.../ ...O que era pedra vira corpo... / Andar por avenidas enfrentando o que não dá mais pé / Juntar todas as forças para vencer essa maré / O que era pedra vira homem / E um homem é mais sólido que a maré”.
Educação e Intimidade requer uma qualidade de instantes, como modo de desfrutar o momento, meio poético, nada patético, apenas Qualitas! O tempo é o grande compositor desses processos, o grande maestro da contemporaneidade, é ele, quem dá o tom! A dica é buscar uma Filosofia de Vida... Essa vida que vai à deriva, essa vida que é a nossa condução... Mas não seguir à toa... pois nem tudo dá na mesma...é um voltar para o lar (Arnaldo Antunes).
Intimidade é estilo, um modo de viver, não um objetivo nem objeto, só uma vontade de se instalar, estabelecer-se pra depois ficar desalojada novamente e fazer o acolhimento do novo no calor de alguma instituição, pois essa é o nosso útero, lugar de proteção e de baixar a guarda, pois nem sempre podemos e queremos um viver arrogante! Só e apenas nesse sentido, acho oportuno negociar com essa instituição, afinal...ter um lugar pra reclinar a cabeça e tomar um banho às vezes é bom.
No mais ter Liberdade, Paixão, Realização e Tempo, enfim.... recursos para se alcançar essa tal Educação e Intimidade.

Um comentário:

momentocomrogerio disse...

Amiga, esse texto me faz lembrar de uma afirmação que um professor indiano fez em Cingapura: "Disciplina não tem haver com regras, mas com relacionamentos". O entendimento era que a disciplina tinha que ter contato com o que somos e com o que nos relacionamos e não com meras regras e formas... será assim com Educação e Intimidade? Educação traz ou derruba blocos? Amei o seu texto!
Rogerio