domingo, 21 de março de 2010

Fetos apresentam formas primitivas de memória


Estudo aponta que a partir da 30ª semana, e talvez até antes, o cérebro humano começa a armazenar lembranças
Quando a memória começa? Não podemos nos recordar conscientemente de todas as imagens de nossa infância, mas com certeza aprendemos associações importantes e duradouras desde muito jovens. Um novo trabalho sugere que esse processo começa já no útero. Em um estudo publicado no periódico científico Child Development, pesquisadores da Holanda defendem a existência da memória de curto prazo em fetos de 30 a 38 semanas. Para chegar a essa conclusão, primeiro eles acoplaram um aparelho vibratório com buzina no abdome de 93 mulheres grávidas.
Os fetos rapidamente se “acostumaram” ao som – ou seja, perceberam que o barulho não representava ameaça. Quando o ouviram novamente, dez minutos depois, não se contorceram, e a frequência cardíaca permaneceu inalterada. “É como se acostumar com uma estação de trem de Nova York”, diz o coordenar do estudo, G.Nijhuis, professor de obstetrícia na Universidade de Maastricht. “Distinguir estímulos seguros daqueles que trazem riscos requer capacidade de aprendizado. Trata-se de uma forma primitiva de memória.
Os fetos de 34 semanas se lembraram do som até quatro semanas depois do experimento. “O estudo aponta claramente que, a partir de 30 semanas e talvez até antes, o cérebro humano começa a armazenar memórias de curto prazo e pode até estar armazenando algumas lembranças de longo prazo; esse é um período muito sensível no desenvolvimento”, afirma Rahil Briggs, diretora do Health Steps no Centro Médico Montefiore e professora-assistente de pediatria na Faculdade de Medicina Albert Einstein.
Os fetos também se acostumaram com outras coisas. Mães que abusam de substâncias proibidas dão à luz bebês dependentes de drogas. Um estudo descobriu que crianças de mães que assistem a uma novela popular em espanhol, enquanto estão grávidas, se acalmam ao ouvir a música tema do programa. “É curioso, mas alguns pais que leem para os filhos no útero garantem que seus bebês nascem reconhecendo suas vozes”, diz a pediatra Tanya Remer Altmann, porta-voz da Academia Americana de Pediatria.
O importante é ser cuidadoso perto do bebê – mesmo que ele ainda não tenha nascido. E talvez mesmo fetos mais novos desenvolvam memória. “O ambiente dentro e fora do útero é essencial”, avalia o pediatra Dimitri Christakis, diretor Seattles Children’s Hospital.

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