segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Passagens.....

Passagens: Caminhos, buscas, encontros...
“Quando vim para esse mundo, eu não atinava em nada”
(CAYMMI. Modinha para Gabriela).

Como Gabriela, eu também venho aprendendo muito desde que cheguei a esse mundo.
Essa história começa numa manhã de primavera do ano de 1969, em Pindamonhangaba, na região paulista do Vale do Paraíba. Três importantes décadas passaram-se, e carrego comigo marcas significativas desses tempos que me constituíram como sou agora: resistência, contestação, transpiração, inspiração, inovação, recomeços... Acabo de descobrir que trinta anos cabem num parágrafo — assim como TUDO cabe numa única palavra, como diz o poeta Arnaldo Antunes.
Observo, nesta primeira década do século XXI, como o mundo globalizado e "tecnologizado" ao extremo tem afetado a vida humana. Eu, de minha parte, trabalho, mas nem tanto; pesquiso quase sempre, leio muito, esqueço o máximo de coisas supérfluas que posso e dou especial atenção aos aspectos importantes da vida pessoal, espiritual, emocional e relacional, procurando me contrapor ao viver alienado. E de tudo fica apenas um pouco!
Terminei o mestrado em Psicologia da Saúde em julho de 1999 e cheguei a pensar que seria muito cedo para estudar o tanto que já havia estudado, considerando a minha condição de filha de família pobre, de cidade interiorana, com heranças culturais insuficientes para chegar à academia.
No entanto, o conhecimento que vamos adquirindo na vida e mesmo na vida acadêmica nunca é suficiente: o ser humano, como nos ensina Freire, tem como perspectiva o "ser mais" em diferentes dimensões, não apenas a acadêmica.
Tive uma filha no ano de 2000 e decidi dedicar a melhor parte do meu tempo para viver em família e desenvolver minha maternagem, cuidando dela.
Entendo que essa é uma imensa contribuição que podemos dar a cada indivíduo e à sociedade. Vivi dias deliciosos de prazer e intensa experiência criativa, embora ache que não tenha muito jeito para a complexa experiência de ser uma mãe suficientemente boa. Felizmente deu certo, e ela é linda e cheia de vida, com seus 10 anos de idade. Contei com a presença valiosa de meu marido, e até hoje somos três pessoas muito dedicadas, que, entre muitas expectativas, queremos o bem, umas das outras. É importante valorizar esse trabalho e essa cooperação que ambos, pai e mãe, podem dar às crianças; elas crescem e se tornam, por sua vez, pais e mães de outras pessoas no mundo, portadores de uma vida humana que significa tempo vivido com pessoalidade.

11 comentários:

Angela Soares disse...

continua....

amanda louzada disse...

legal

Natália Casanova disse...

Angel,

Adorei seu blog e, de forma especial, a reflexão deste post.

Falar sobre nós, contar nossa história, analisá-la sempre é tão difícil, justamente pela imensa bagagem cultural e lembranças que carregamos em nós. Porém, enfatizo que você soube expor de forma muito marcante e agradável características suas e de toda sua família.

Abraços,

Anônimo disse...

Minha querida! Que leitura agradável! Quando leio algo deste tipo, fico feliz porque apesar das tecnologias, do tempo que vivemos em que tudo é passageiro e as vezes até substituível, da onda que leva a maioria a apenas "sobreviver" vejo que muitas pessoas não perderam e nunca perderão sua essência! De dizer o que pensam, influenciar de maneira positiva e nos fazer pensar! Obrigada por compartilhar com tanta sinceridade TODA sua vida em POUCAS e belas palavras!
Bjs

Antônio Coelho de Souza do Nascimento disse...

Muito pertinente, muito você... é isso aí amiga, parabéns. Aproveito para agradecer todo o apoio que deste para que eu terminasse a dissertação. Mais uma vez parabéns. Belo escrito (depoimento). Abraços.

Cjpcosta disse...

Gostei muito. Realmente é difícil falar sobre nós mesmos, parabéns.

O que admiro nas pessoas "comuns", é o fato de à frente de um novo desafio, por mais preparadas que estejam, ainda sentirão um friozinho na barriga antes de dar o primeiro passo. Isso nos lembra que ainda somos humanos, que por vezes somos insguros, e nos preocupamos com os outros.

Beijos Amiga...

Angie S. disse...

Olá Angel, não consegui postar no blog, acho que não sei fazer isso...

Muito bom reconhece-la ou conhecê-la novamente de outra forma através de seu texto e sua sensibilidade. Há algum tempo atrás eu estava lendo Rubem Alves e ele citou Alberto Caeiro " Sejamos simples e calmos como os regatos e as árvores, e Deus amar-nos-á....e dar-nos-á verdor na primavera e um rio aonde ir ter quando acabemos". Lendo isso pensei no Salmo 1 e em Gálatas 5,21 e fiz a música "Terra Boa". Quando deixamos algo escrita, de alguma forma nos tornamos eternos dentro das palavras. Quando escrevemos as palavras não são mais nossas elas voam. Que a sua vida escrita possa inspirar não só a mim, mas transmitir mais alma e vida ao mundo.
Abreijos = abraços e beijos
Glau

Anônimo disse...

eu gostei bastante e esteticamente muito bom, tem uma casa seria, suave, mas acima de tudo dá o sentido de reflexão que faz-se necessário! É possível ler a matéria publicada e depois ficar olhando com cara de paisagem para a pagina!!!rsrs

Anderson da Silva disse...

Oi Angela tudo bem?
Parabéns pelo belo texto que você escreveu. A partir de sua reflexão descobri que tenho os mesmos conceitos que você tem. Há muitas coisas mais importantes que o trabalho, do que ser reconhecido na área profissional, do que trabalhar sábados, domingos e feriados a fio. Claro que temos que lutar por nossos objetivos, por uma qualidade de vida melhor, se dedicar à profissão e abrir mão de várias coisas (principalmente no início da carreira), mas o que realmente vale a pena faz parte de nossa vida desde o momento em que nascemos: a comunhão com Deus, com nossa família, com nossos amigos e com o nosso próprio eu. Um grande beijo e fique com Deus.

Angie S. disse...

Penso que, na maioria dos casos, resiliência, e não herança cultural, é que leva a buscar "ser mais", onde a academia pode ser apenas um ponto de passagem (paragem). Trinta anos num parágrafo, para mim que não sou poeta, só com muito poder de síntese. Antes: caminhos, buscas e encontros. Agora: encaminhando, e tendo novos encontros.
Armando Albuquerque
30 de agosto às 14:09

Angie S. disse...

Que lindo! Voce tem o dom das palavras, sabe como usa-las! bjs
30 de agosto às 21:45
Léia Araújo